Fashion Talks é um espaço online onde designers de moda, especialistas e empresários compartilham suas experiências e jornadas na indústria e nos negócios da moda.
Este mês convidamos uma convidada especial para compartilhar sua visão sobre produção ética. Um tema frequentemente discutido na Indústria da Moda, mas como isso se manifesta no lado prático? Hatice Tekin, coproprietária e fundadora da Ana Dyla, uma marca de joias sustentáveis com sede na Turquia, junta-se a nós para discutir a produção ética. Ana Dyla é uma marca certificada pela B-Corp, conhecida por sua abordagem elegante e ética na fabricação de joias.
Durante a entrevista, Hatice conta como a sua experiência como ativista de direitos humanos e advogada corporativa a levou a questionar as implicações éticas da indústria da moda. O colapso do Rana Plaza, no Bangladesh, em 2013, abriu-lhe os olhos, levando-a a reavaliar as suas escolhas como consumidora e também como proprietária de uma empresa.
Continue lendo para saber mais sobre a entrevista exclusiva que fizemos com Hatice.
Melisa do Fashion Talks: Qual é a história por trás de Ana Dyla? De onde veio a ideia e como você a transformou em um negócio real?
Hatice Tekin: Numa fase anterior da minha vida, fui simultaneamente activista dos direitos humanos e advogada corporativa. Apesar de estudar Direito e ter interesse por moda, para mim foi mais uma atividade secundária. No entanto, tudo mudou em 2013, quando ocorreu a tragédia do Rana Plaza em Bangladesh. Este evento serviu para abrir os olhos porque, por um lado, eu defendia os direitos humanos e, por outro, comprava muitas roupas, sapatos e bolsas. O forte contraste me fez questionar minhas ações e refletir sobre como poderia contribuir para um mundo melhor.
Foi aí que surgiu a ideia de Ana Dyla. Sempre confiei no artesanato turco para fazer minhas próprias joias devido à sua qualidade excepcional e sempre tinha novas ideias. Então, comecei a seguir esse caminho, focando em entender quem fazia minhas joias, os materiais utilizados e como torná-las mais sustentáveis. Queria que todos os envolvidos na cadeia de abastecimento, desde os artesãos até ao consumidor final, estivessem felizes. Isso me levou a uma longa jornada de discussões com workshops, abordando questões e buscando maneiras de melhorar as circunstâncias. No início, trabalhei com oficinas menores e com um orçamento limitado, encontrando maneiras de fazer com que funcionasse para todas as partes envolvidas.
M: É fascinante como você passou de advogado e ativista de direitos humanos para a indústria joalheira. Suas experiências e conhecimentos anteriores devem ter desempenhado um papel significativo.
H: Absolutamente. Acredito que o problema vai além de uma única camada. Para realmente fazer a diferença, devemos trabalhar com toda a cadeia de abastecimento e considerar todos os aspectos, desde a aquisição de materiais até ao bem-estar dos trabalhadores envolvidos.
M: Como se desenvolveu o processo de sourcing e criação? Foi uma colaboração com os workshops ou você forneceu suas ideias a eles?
H: Inicialmente, eu não tinha nenhum conhecimento sobre fabricação de joias, pedras preciosas ou as complexidades do processo. Então, foi mais um esforço colaborativo. Eu compartilharia minhas ideias esboçando ou compilando fotos para transmitir o conceito principal. Depois, eu discutiria com os workshops como poderíamos transformar essas ideias em realidade. Foi uma parceria criativa para dar vida às primeiras coleções.
M: Percebi que Ana Dyla usa prata e ouro reciclados em suas joias. Você pode nos contar mais sobre suas práticas de sourcing?
H : Sim, priorizamos o uso de prata e ouro reciclados em nossa produção de joias. Esta prática é predominante na indústria joalheira, pois a aquisição de prata e ouro novos pode ter impactos ambientais significativos. Além disso, trabalhamos com fontes locais na Turquia para obter algumas de nossas pedras preciosas e também compramos pedras preciosas recicladas.
M : Parabéns por obter sua certificação B-Corp. É uma grande conquista. Você poderia compartilhar mais sobre o processo e seu significado para Ana Dyla?
H : Obrigado! A obtenção da certificação B-Corp foi um processo demorado que durou cerca de um ano e meio. Buscámos esta certificação porque tanto eu como os nossos consumidores preocupados com a sustentabilidade queríamos uma prova tangível das nossas reivindicações éticas. Embora possamos compartilhar histórias, vídeos e fotos, ter o selo B-Corp adicionou credibilidade. É a única certificação que avalia minuciosamente todo o processo. Fazer parte da B-Corp é importante para nós, pois nos desafia continuamente a ganhar mais pontos a cada três anos. Isto leva-nos a pensar constantemente sobre como podemos melhorar a nossa sustentabilidade, ética e o nosso impacto positivo no mundo. Não se trata apenas de obter a certificação; trata-se de melhoria contínua e de fazer mais bem ao nosso negócio.
M : Essa é uma ótima perspectiva. Trata-se de ver isso como um ponto de partida e não como um ponto final.
H : Absolutamente. Não é algo para riscar de uma lista; é uma jornada de crescimento e melhoria.
M : Ao longo de sua jornada com Ana Dyla, houve algum desafio ou momento específico em que você se sentiu inseguro? Se sim, como você os superou?
H : No começo não me arrependi, mas gostaria de ter focado mais nas vendas desde o início. Eu tinha tendência a me concentrar na fase de descoberta e na construção de relacionamentos, o que era agradável, mas demorou algum tempo para ganhar impulso nas vendas. Se eu recomeçasse, teria feito um investimento maior desde o início para ter uma gama de produtos mais ampla e uma presença mais significativa no mercado. No entanto, cada desafio foi uma oportunidade de aprendizado. Erros e obstáculos me ensinaram a ser mais resiliente, a me adaptar e a encontrar soluções alternativas.
M : Essa é uma lição valiosa para aspirantes a designers e empresários. Há algum conselho que você gostaria de compartilhar com eles?
H : Eu os encorajaria a não pensarem muito pequeno. Às vezes nos limitamos, pensando que só podemos alcançar até certo ponto. No entanto, sonhar grande e correr riscos pode levar a resultados extraordinários. Além disso, aconselho fazer um investimento maior desde o início e focar nas vendas desde o início. Finalmente, não tenha medo de cometer erros. Abrace-os como oportunidades de crescimento e aprendizagem.
M : Obrigado, Hatice, por compartilhar sua história inspiradora e insights sobre a produção ética de joias. Para os interessados em saber mais ou entrar em contato com Ana Dyla, como podem entrar em contato?
H : Obrigado por me receber! Se alguém estiver interessado na fabricação ética de joias ou orientação no setor, pode entrar em contato com nossa equipe através do Manufy.com. Estamos sempre felizes em nos conectar e compartilhar nossas experiências.
Se você está procurando um fabricante de joias éticas para seu próprio design ou marca branca, ou um mentor na indústria de joias, entre em contato com a equipe de Ana Dyla em Manufy.com.
Ana Dyla é uma marca e fabricante de joias éticas e sustentáveis com sede na Holanda. Todas as peças são confeccionadas com materiais de alta qualidade e parcialmente com ouro e prata reciclados. Ana Dyla é certificada B-Corp e produzida nos seus pequenos ateliês no coração de Anatolië, na Turquia, onde podem acompanhar pessoalmente todo o processo. De A a Z, desde a coleta das gemas, passando pelos designs até a confecção das joias, tudo é feito Ana Dyla & team. Ana Dyla faz parte da nossa comunidade de fabricantes que estão produzindo na Manufy!